“O trem para Varsóvia saía de
Amsterdã em 15 de julho de 1955. Fiquei admirado com o grande número de
estudantes que fora atraído pelo festival. Centenas de moços e moças
aglomeravam-se na estação. Pela primeira vez, comecei a crer nos números
exagerados que lera na revista. Sentia-me muito sozinho. Eu não conhecia uma só
pessoa em toda a Polônia e não sabia uma palavra sequer do idioma. De todos os
quadrantes do mundo, milhares e milhares de jovens estavam convergindo para
Varsóvia, com propósitos exatamente opostos aos meus.
Os jornais da Holanda publicaram
tantas notícias a respeito da prisão dos líderes eclesiásticos da igreja
polonesa e do fechamento de seminários, que eu tinha a impressão de que
religião na Polônia era uma atividade clandestina.
Aparentemente, a livraria evangélica
que eu visitara estava funcionando, apesar de não ter Bíblias. Eu passara por
igrejas católicas cujas portas estavam bem abertas. Será que havia igrejas
protestantes também funcionando? Resolvi verificar por mim mesmo.
De táxi, dez minutos depois eu estava assistindo a um
culto numa Igreja Reformada, atrás da “Cortina de Ferro”. Fiquei surpreso com o
tamanho da congregação; a igreja se encontrava com cerca de ¾ dos bancos
cheios. Fiquei surpreso, também, com o número de jovens. O cântico dos hinos
era entusiástico, o sermão aparentemente centralizado nas Escrituras. Depois que
ao maior parte da congregação havia saído, o pastor e alguns jovens
dispuseram-se a conversar comigo. Sim, eles cultuavam abertamente, e com
considerável liberdade, enquanto se mantivessem longe dos assuntos políticos. Sim,
havia membros da igreja que também eram membros do Partido Comunista. “Bem, o
regime faz tanto pelo povo, que a gente apenas fecha os olhos quanto ao resto”,
disse o pastor, encolhendo os ombros, “mas o que é que a gente pode fazer?”
Naquela mesma noite, foi conhecer
outra igreja que me indicaram. O culto já começara quando cheguei. O número de
pessoas era menor. O povo já não era tão bem vestido quanto o outro, e quase
não havia jovens. Mas aconteceu uma coisa interessante. Haviam dado ao pastor a
notícia de que havia um estrangeiro na congregação, e imediatamente fui
convidado a falar-lhes. Fiquei alarmado. Será que eles tinham tanta liberdade
assim? E ali estava eu, um crente do outro lado mundo, pregando o evangelho em
um país comunista.
Ao fim de minha curta pregação, o
pastor falou a coisa mais interessante que eu poderia ter ouvido: “Queremos agradecer-lhe por estar aqui. Mesmo
que você não tivesse falado nem uma palavra, só o fato de vê-lo já teria
significado muito. Algumas vezes sentimos como se estivéssemos sozinhos em
nossa luta.”
Naquela noite, fiquei pensando em
como aquelas duas igrejas eram diferentes. Uma, aparentemente, estava seguindo
a rota da cooperação com o governo: atraía grandes multidões grandes multidões,
era aceitável para os jovens. A outra, eu sentia, estava seguindo por um
caminho solitário. Eu estava aprendendo tantas coisas e tão depressa, que era
difícil assimilar tudo. Algo me dizia que nem tudo era como parecia ser.
Eu tinha um objetivo especial,
queria orar por cada pessoa que eu encontrara durante aquela viagem. A manhã
seguinte seria a última que passaria em Varsóvia. Enquanto estava ali sentado,
orando, ouvi uma música. Ela vinha pela avenida. Marcial, forte, com o som de
vozes cantando.
Ali vinham os jovens socialistas,
marchando. Nem por um momento eu podia crer que eles fossem coagidos. Marchavam
porque criam. O que é que eu, do Ocidente, poderia fazer a respeito deles,
daqueles milhares de jovens que passavam marchando à minha frente?
Coloquei a mão sobre minha
Bíblia, e vi que estava olhando para o livro de Apocalipse. Meus dedos descansavam sobre a página,
quase como se estivessem indicando uma passagem: Apocalipse 32 “Sê vigilante”,
dizia o versículo que estava sob a ponta do meu dedo, “e consolida o resto que
estava para morrer...”
Repentinamente, compreendi que eu
estava vendo as palavras através de uma cortina de lágrimas. Será que Deus as
estava falando para mim naquela hora, dizendo que a obra da minha vida seria
ali, atrás da “Cortina de Ferro”, onde o remanescente da sua Igreja estava
lutando para sobreviver? Será que eu
teria um a participação no fortalecimento daquele precioso resto?”
Fonte: Portas Abertas
conhecendoaigreja.blogspot.com
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