AGRUPAMENTOS SOCIAIS E POLÍTICOS


Embora muitos não adotem uma “linha partidária” específica, seja em religião ou política, outros se tornam membros de um grupo de pressão ou um partido político e se envolvem nele. Isso se aplicava á vida nos tempos bíblicos, tanto no período em que os judeus voltaram do exílio na Babilônia e reconstruíram o templo de Jerusalém, como nos dias em que Jesus viveu. A fim de compreender os agrupamentos do Novo Testamento, temos de fazer um retrospecto dos eventos que tiveram lugar após a queda de Jerusalém e o Exílio em 586 a.C.

Os Samaritanos

Os samaritanos tomaram o nome da cidade Samaria, capital do Reino do Norte de Israel, a partir do período dos reis Onri e Acabe (I Rs. 16.24). a cidade de Samaria foi destruída pelos assírios em 721 a.C., e cerca de 27.000 pessoas das classes governantes e dos artesãos mais hábeis foram deportados para a Assíria e dispersos (2 R. 17.24). como parte da política assíria, a liderança da cidade passou a outros povos vassalos, a fim de que a falta de comunicação com os trabalhadores locais, combinada com a gratidão que os novos administradores sentiam pelos assírios por dar-lhes uma posição de autoridade resultassem numa situação estável e pacífica.
As coisas porém não deram muito certo -  o número de animais selvagens aumentou na região numa taxa alarmante, causando a morte de muitas pessoas. Os recém-chegados acreditavam que esses ataques significa que eles não estavam adorando o Deus de Samaria da maneira adequada. Um dos sacerdotes no exílio foi enviado de volta para ensinar a fé judia e ele estabeleceu um santuário religioso em Betel. Como resultado, formou-se uma religião sincretista entre a adoração de Javé e a adoração dos deuses locais dos novos governantes de Samaria (2 Rs. 17.25-34).

Alguns indivíduos do Reino do Norte – que não havia sido levados para o exílio – adoravam em Jerusalém onde eram bem recebidos (2 Cr. 35.17), e esse vínculo continuou quando a cidade de Jerusalém foi destruída pelos babilônios (Jr. 41.5). quando o império persa sucedeu o babilônio e foi permitido aos judeus que restaurassem a sua religião – o templo e eventualmente os muros de Jerusalém – a recepção por parte dos samaritanos foi mista. Alguns quiseram juntar-se à obra para que a adoração de Javé pudesse ser renovada (Ed. 4.2), mas foram fortemente rechaçados pelos exilados que voltaram, os quais consideravam os samaritanos impuros por causa da natureza sincretista da sua religião (Ed. 4.3). outros samaritanos ficaram alarmados com a idéia de Jerusalém estar sendo reconstruída, pois a cidade sempre fora rival de Samaria. Esses samaritanos fizeram todo o possível para impedir a reconstrução de Jerusalém (Ne. 4.1,2).
Toda a velha antipatia entre o Norte e o Sul reviveu. Esses sentimentos eram de longa data, reportando-se ao tempo em que as doze tribos haviam ocupado originalmente o país montanhoso de Canaã depois do Êxodo. As tribos do norte se separaram das do sul mediante uma linha de fortalezas canaanitas, e quando Davi tornou-se rei, ele devia reinar sobre dois reinos unidos e não sobre um único reino. Quando o reino de Davi e subsequentemente o  de Salomão foi dividido entre seus sucessores, a divisão seguiu a antiga linha histórica. Os samaritanos foram considerados não só inimigos políticos, como também um povo impuro, cuja presença contaminaria os judeus que haviam voltado recentemente do exílio.

Numa época subsequente, parece ter havido um grupo de samaritanos que, tendo sido impedido de adorar Javé em Jerusalém, e desejando dissociar-se das lutas internas contínuas, retiraram-se para estabelecer um ponto de adoração em Siquém (Jo. 4.19-20), centralizado no Monte Gerizim, que tivera grande importância na história e religião do povo judeu (Dt. 11.29; Js. 8.33). os samaritanos aceitaram os cinco livros de Moisés em sua própria língua como autoridade (o Pentateuco Samaritano) e essa posição foi refletida no seu credo: Só há um Deus; Moisés foi o seu profeta e voltará um dia como Taheb (“restaurador”, algumas vezes chamado de “Messias”; veja Jo 4.25); haverá um Dia do Juízo, e o Monte Gerizim é o lugar apontado por Deus para o sacrifício. O último elemento era o décimo mandamento do Decálogo no Pentateuco Samaritano (1 Jo. 4.20).

Pelo menos alguns samaritanos se apegaram à crença tradicional de que Moisés havia escondido os vasos sagrados na montanha, pois em 36d.C. um samaritano reuniu uma multidão no monte com a promessa de que lhes mostraria os vasos. O grupo inteiro foi massacrado por Pôncio Pilatos.

Por causa da diferença de credo, existia forte desconfiança religiosa entre os que adoravam no Monte Gerizim  e os que adoravam no templo restaurado em Jerusalém. Em 128 a. C., um dos reis asmoneus judeus (João Hircano) capturou Siquém e destruiu o templo. Entre 6 e 9 d.C. um grupo de samaritanos profanou o templo de Jerusalém durante a Páscoa, espalhando ossos no local.

Existem diferenças explícitas e implícitas para a hostilidade entre judeus e samaritanos no Novo Testamento (Jo. 4.9,33). Jesus esforçou-se para salientar o lado bom dos samaritanos (Lc. 17.16), mas Ele mesmo seguiu a tradição judaica e não passou geralmente por Samaria quando viajava da Galiléia para a Judéia. A rota normal dos judeus que não queriam contaminar-se era cruzar o rio Jordão em Bete-Seã oriental do rio (Lc 18.31,35). Muitos samaritanos se tornaram cristãos (Atos 8.25)

Os helenistas  e os hassidim
 

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