O governo varia de país para país,
e até no mesmo país no decorrer de um certo período de tempo. Pode ser uma
democracia ou uma ditadura, ou a forma de governo talvez mude de acordo com uma
nova situação. Embora isso seja verdade no século XX, também se aplica aos
tempos bíblicos. O governo variou entre o povo judeu desde a liderança familiar
patriarcal nos dias de Abraão á união dos clãs sob Moisés, à monarquia do rei
Saul em diante, aos reis-sacerdotes do período intertestamentário. Ao mesmo
tempo, os reinos de Israel e Judá estiveram no centro de grandes impérios –
Egito, Assíria, Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma. Não é possível no escopo
deste livro tratar com todas as formas de governo em detalhe; a bibliografia
terá de ser consultada. Mas existem duas formas de governo que têm
importância-chave para uma compreensão da Bíblia – o período da monarquia e o
período em que os judeus fizeram parte do império romano.
Divisão na sociedade
Não houve divisões na socidade
durante o período dos patriarcas (Abraão,Isaque e Jacó) porque todos eram
membros da mesma família. Até os escravos eram considerados membros da família;
portanto, Abraão podia esperar que seu escravo Eliezer herdasse seus bens (Gn
15.2,3). Mesmo quando se desenvolveram clãs na famílias não houve divisões
sociais, porque um clã é simplesmente uma família que se estabeleceu para
formar uma aldeia. Em tal sociedade as leis eram mantidas pelos anciãos do clã,
setenta e sete anciãos em Sucote nos dias de Gideão (Jz. 4.14). Na época da monarquia
o termo anciãos (2 Rs 21.23) e
Zedequias se preocupou em que Jeremias não repetisse a conversa deles para os
príncipes, ou anciãos (Jr 38.24,25).
Outro grupo na sociedade nos dias
da monarquia era formado pelos ricos. Acreditava-se que a fortuna de alguns
ricos era uma benção do Senhor (Sl. 1.3; Pv 10:15,16), mas outros ganharam a
sua riqueza d maneiras condenáveis. Deuteronômio 10.17 parece comparar a
justiça de Deus, que é imparcial e não aceita suborno, com os que mostram
parcialidade e aceitam ser comprados. Provérbios 22.22,23 adverte contra a
opressão dos pobres e aflitos. Embora as terras mudassem de mãos porque os
proprietários originais eram melhores artífices do que lavradores, outras
mudaram de dono por causa de falsas acusações e confisco (1 Rs 21.10-16). Essas
pessoas se tornaram proprietários ricos e o rei Menaém cobrou impostos deles
para ajudá-los a pagar pela proteção dos assírios (2 Rs 15.19,20).
Além dos anciãos e dos
proprietários de terras, havia o “povo da terra”. Esses eram os homens livres
do país com direitos civis básicos e os e os encontramos em todo o Antigo Testamento
(2 Rs 16.15; Jr 1.18; 37.2; Ez 22.29). uma distinção foi feita entre as ofertas
pelo pecado que tinham de ser levadas por alguém da nobreza (Lv. 4.22-26) e as
ofertas obrigatórias do povo da terra (vv. 27-31). A nobreza tinha de oferecer
um animal macho e o povo da terra uma fêmea.
Além dessas classes de judeus
havia um número considerável de residentes estrangeiros que eram livres, mas
não possuíam terra. Era então necessário para eles oferecer-se como escravos
para ganharem o seu sustento. Essas pessoas tinham permissão para colher as
uvas caídas na vinha (Lv 19.10) e as espigas que ficavam no chão depois da sega
(Lv 23.22). era fácil aproveitar-se de alguém assim, mas Êxodo 22.20 proibiu
isso porque os próprios judeus haviam sido estrangeiros no Egito. M outros
aspectos, porém, os estrangeiros residentes eram como o povo da terra (veja Lv
25.47; Nm 35.15; Dt 14.29).
Além dos libertos havia várias
classes de escravos. Os escravos pessoas faziam quase sempre parte de uma
família por terem sido capturados numa guerra (Jz 5.30; 2 Rs 5.2; Jl 3.6). o
rei Peca de Israel chegou a escravizar parte do povo de Judá até que o profeta
Obede protestou fortemente (2 Cr 28.8-15). Era aceitável que os judeus fizessem
escravos de outras nações (Dt 21.10-14), embora fosse também possível para ele
comprar escravos no mercado de escravos (Lv 25.44,45).
Os judeus nunca deveriam se
tornar escravos, mas podiam vender eu trabalho para restituir o produtos de um
roubo (êx 22.3) ou para ganhar dinheiro suficiente para pagar uma dívida (Lv.
25.47-53). Eles tinham de ser libertados no Jubileu, ou depois de sete anos (Lv
25.40; Dt 15.12-18). Além dos escravos pessoais, havia escravos do Estado conhecidos
como netinins e usados nas obras de construção (2 Sm 12.31), na manutenção da
frota mercante (1Rs 9.27), e, em alguns casos, para trabalhar no templo como
auxiliares dos levitas (Ed 8.20). Ezequiel disse que Deus não aprovava essa
terceira prática (Ez 44.7-9), mas ela teve início quando Josue escravizou os gibeonitas
com esses propósito (Js 9.27).
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